terça-feira, 29 de junho de 2010

Como sobreviver à Copa quando você não curte futebol - Parte 3

Pra você que se sente o ser mais indigno da humanidade porque veio de fábrica sem esse gene que é ativado nos brasileiros de 4 em 4 anos, fique tranquilo. É melhor ser autêntico e aceitar o fato do que se forçar a fazer algo de que não gosta e pronto. Não esqueça de que, em 2014, é a nossa vez de sediar a Copa do Mundo.

Aliás, sabia que não vai ser a primeira vez em que o Brasil abriga a competição? Em 1950, o país já foi o anfitrião do evento. O incentivo à construção do Maracanã foi, em grande parte, devido a essa edição da Copa, inclusive. Enfim, curiosidades à parte, se com os jogos no continente africano, o país entra nessa euforia futebolística toda, imagine quando as partidas forem realizadas aqui ao lado.

No entanto, a Copa do Mundo tem a ver com muito mais coisas além de futebol. No caso da Copa 2014, o mais bacana vai ser entrar no clima de que vamos ser a sede de um dos maiores eventos esportivos do mundo. Ou seja, o Brasil terá uma grande responsabilidade, mas, ao mesmo tempo, uma chance única de solidificar sua posição no panorama global. O país ainda deve ganhar muito em relação a empregos e infraestrutura. As cidades-sede vão ser:
  • Belo-Horizonte (MG)
  • Brasília (DF)
  • Cuiabá (MT)
  • Curitiba (PR)
  • Fortaleza (CE)
  • Manaus (AM)
  • Natal (RN)
  • Porto Alegre (RS)
  • Recife (PE)
  • Rio de Janeiro (RJ)
  • Salvador (BA)
  • São Paulo (SP)
Também sempre vale a pena assistir aos eventos associados à competição, como a cerimônia de abertura, com os atos simbólicos e as apresentações musicais. Eu, pelo menos, adorei a Shakira cantando o tema da Copa desse ano, em Joanesburgo:



Além disso, tem algo que me atrai, em especial, em relação à Copa do Mundo. Nós reclamamos o tempo inteiro de como andamos desunidos, desconectados uns dos outros, distantes. No entanto, durante a competição, assistimos a algo aparentemente impossível: todos parecem motivados a estar juntos, a torcer por uma mesma causa, a vestir a camisa com as cores da nossa bandeira e gritar, se abraçar, chorar e comemorar.

Obviamente, precisamos que essa união esteja presente também em outros momentos do nosso dia-a-dia e da nossa História. A sociedade brasileira ainda precisa percorrer um longo caminho até perceber sua força e  seu potencial como propulsora de mudanças. Porém, ver que, ainda que a cada 4 anos, os brasileiros são um só é comovente. E é também um sinal de que nem tudo está perdido. 

Como sobreviver à Copa quando você não curte futebol - Parte 2

Vamos, então, aos conselhos práticos:
  • Lembra daquele amigo ou daquela amiga que vive do outro lado do planeta? É hora de retomar o contato! Graças a MSN, Skype, Facebook, Gtalk e afins, não existe desculpa - como o preço exorbitante do DDI - para não passar um tempão conversando com quem a gente conhece em outros países.
  • Assim que souber que vai haver jogo, passe na locadora (e não deixe para o dia da partida, pois é bem capaz de ela estar fechada). Essa é a hora de colocar em dia a lista dos filmes que você quer ver, de conferir os ganhadores do Oscar 2010, de assistir ao box inteiro daquela série que te interessou quando você estava zapeando. A locadora é o seu colete salva-vidas para programas furados. Guarde esse conselho no coração e o ímã com o telefone da locadora, na porta da geladeira.
  • Outra boa opção também é o cinema, onde você vai poder ver aquele filme concorridíssimo sem pegar fila pra comprar ingresso nem muvuca na sala. Inclusive, vale a pena pesquisar sobre as promoções, já que os dias e horários dos jogos provavelmente irão coincidir com os mais baratos. Se quiser uma dica, vá ver Toy Story 3, e sem cara feia por ser animação. Além de visualmente lindo, o longa tem uma trama bem bacana e emocionante.
  • É difícil lutar contra a corrente. Você é uma minoria, supere. No entanto, isso não quer dizer que você é o único ser humano a não ligar pros jogos da Copa. Aproveite para conversar com os conhecidos e ver se algum deles está na mesma situação que você. Numa dessas, você pode acabar ganhando novos amigos. Tente reunir aqueles que estiverem na mesma situação que você, peça para cada um levar algo para comer ou beber e faça uma reuniãozinha em casa. Vale até soprar a poeira do Imagem & Ação ou Banco Imobiliário.
  • Aproveite para colocar em dia aquelas tarefas que você vive protelando. Pode ser a arrumação do guarda-roupa, a organização do orçamento numa planilha, a limpa nos papéis guardados, enfim. Sempre tem alguma coisa que a gente sempre vai deixando pra depois.
  • Também é um bom momento para retomar os hábitos de leitura e se atualizar com as notícias da semana.
Curta um pouco essa coisa de ser a ovelha negra da sociedade brasileira.

Como sobreviver à Copa quando você não curte futebol

Desde 11 de junho que não se fala em outra coisa. De repente, palavras como jabulani e vuvuzela parecem ter se infiltrado no vocabulário de todos, do cobrador do ônibus aos colegas de trabalho. Além de Dunga, de repente o país ganhou 190 milhões de técnicos de futebol. É um tal de gente comentando com propriedade sobre países distantes que desconhecia até dois minutos atrás, gritos ensurdecedores e um patriotismo jamais visto antes em qualquer campanha presidencial. Qualquer pessoa minimamente observadora sabe que, ao ver alguém na rua vestindo blusa do Brasil, só existem três explicações possíveis:

a) É gringo
b) É Copa
c) É gringo e é Copa

Dessa vez, como tudo em volta nos lembra incessantemente, estamos na décima nona edição da Copa do Mundo, que vai até o dia 11 de julho. E o futebol é tão importante no cotidiano e na cultura do brasileiro que, quando a seleção joga, o país para. É comum encontrar universidades e escolas que liberem os alunos e empresas que deixem seus funcionários e estagiários livres nos dias de jogo. Então, é aí que todos deixam seus afazeres de lado para acompanhar atentamente os dribles e passes de bola, se emocionando a cada gol.

Quer dizer, todos, menos os infelizes que não ligam pra futebol e calharam de nascer justo aqui. Os párias sociais que cometeram o gravíssimo crime de não ver a menor graça em um bando de marmanjos correndo enlouquecidos atrás de uma bola. Os malditos brasileiros desprovidos de patriotismo, que não completaram álbum de figurinha, não fazem lá muita questão de saber o que é um impedimento  nem sentem culpa por não saber a escalação da equipe paraguaia.

São aquelas pessoas que ficam felizes em sair mais cedo do trabalho, mas têm que conviver com a ideia de que, se não assistirem ao jogo, vão ficar quase duas horas sem ter o que fazer nem com quem fazer (isso se não levarmos em conta o pós-jogo). São os indivíduos que, quando resolvem sucumbir à pressão coletiva, passam as partidas desenhando no guardanapo, repassando mentalmente a matéria da prova de quarta-feira ou pesquisando assuntos aleatórios na internet via celular.

O jornalista Rodolfo Viana, meu amigo e colega de profissão, sabe como é isso. "Sobreviver à Copa é bem difícil no país do futebol, porque o Brasil para. Lá na redação, cessamos os textos a dois minutos da partida. Alguém liga a TV e todos se postam em frente dela. Eu tento continuar trabalhando, mas onde estão os assessores? As fontes? As pessoas? Tudo para, mesmo que você não queira parar. É o meu caso. Então me resta ir à frente da TV e fazer comentários de quem não entende, como 'o Kaká parece anêmico'. Por mim, eu continuaria trabalhando, mas o mundo discorda de mim", diz.

Existe solução pra essas pessoas além da exclusão social e do tédio?

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Kinoestreias da semana

  • O Golpista do Ano (I Love You, Phillip Morris) - A produção estreou no Sundance Festival de 2009 e enfrentou um longo calvário até seu lançamento comercial. Por aqui, o filme ganhou uma tradução hedionda e um cartaz de lançamento que podia ter sido feito pelo meu irmão de seis anos no Paintbrush. Mas, enfim, detalhes à parte, estou ansiosa pra assistir às desventuras de Steven Russell (Jim Carrey), que vai parar na cadeia após uma série de trambiques e conhece Phillip Morris (Ewan McGregor), por quem se apaixona. 



  • Príncipe da Pérsia (Prince of Persia: The Sands of Time) - Não sou muito de filme de ação, mas se tem alguém que eu amo nessa vida é o Jake Gyllenhall, que vive no cinema o herói do game homônimo. Também, depois de suas atuações em filmes como Donnie Darko e O Segredo de Brokeback Mountain, nem tem como não admirar até o infinito esse cara.



  • Ao Sul da Fronteira (South of the Border) - O cineasta Oliver Stone saiu em viagem por cinco países para investigar os movimentos sociopolíticos na América do Sul. O documentário traz entrevistas com Lula, Hugo Chávez e Evo Morales, entre outros personagens-chave desse pedaço do planeta, numa produção que parece bem interessante pra ampliar a visão do público sobre o panorama latinoamericano atual.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Diário de um jovem ator

Rafael Brits costuma dizer que sua vontade de atuar nasceu com ele. "Desde pequeno, sempre disse a todos que seria ator. Não pela fama, e sim por prazer em ver a resposta do público, seja rindo ou se emocionando. Acho mesmo fascinante", diz o rapaz, de 23 anos. Desde que começou a interpretar, Rafael já participou de diversas peças infantis e espetáculos de comédia, como o sucesso Pout-PourRir (que também produziu), Quem Ama Não Queima a Cara (em que deu vida o apresentador e a uma drag queen, nas fotos à esquerda e abaixo) e Prole de Narcisa (no papel de um velho escritor, na última foto que ilustra a matéria). As três peças citadas foram dirigidas por Afra Gomes e Leandro Goulart.

Te falar que ator rala pra caramba, hein? O nosso entrevistado fez também teatro de bonecos e atuou em festas, além de ter participado de um curta-metragem, Crianças Brincam Enquanto Dormem (de Ed Lopez). Ele pode ser visto ainda num vídeo - que até agora conta mais de 11 mil visualizações -, em que defende Vanusa, logo depois da polêmica aparição da cantora interpretando o hino nacional meio... alterada. Atualmente, Rafael cursa Publicidade e Propaganda numa universidade particular e estagia num canal de TV por assinatura. Apesar da paixão pelo teatro, o jovem fala que também pensa em trabalhar paralelamente na área em que está se graduando.

Para ele, um dos grandes problemas para quem quer viver de arte no Brasil é a falta de verba direcionada à cultura. "Existem muitos projetos de boa qualidade por aí lutando por patrocínio", afirma. Segundo o estudante, é comum que o próprio ator precise correr atrás de figurino e material cênico para as peças em que vai atuar, além de cuidar também da divulgação. O jovem destaca que, apesar das "panelinhas" que existem no teatro, há uma grande quantidade de opções de cultura no Rio de Janeiro e que tem muita coisa boa em cartaz por aí. No futuro, é bem possível que a presença de Rafael nos palcos se torne cada vez mais frequente. O público agradece.

Confira uma amostra das atuações de Rafael Brits:


domingo, 9 de maio de 2010

Solar de Botafogo

Sabe quando a gente convive tempos com alguém que mal cumprimenta, um dia começa a conversar no elevador e descobre que a pessoa é super legal? Foi essa sensação de descoberta que eu tive ontem, ao conhecer o Solar de Botafogo, escondido perto da esquina da General Polidoro com a Paulo Barreto, quase chegando ao São João Batista. 

Dentro do casarão, está um lugarzinho belíssimo e aconchegante, com teatro e café. O espaço tem ainda uma programação cultural interessante. Seja para saborear um brownie com sorvete, assistir a uma peça, pegar uma sessão do cineclube ou fazer aulas de atuação, vale a pena visitar o local.

Solar de Botafogo
Rua General Polidoro, 180 - Botafogo

Pra entrar no clima:

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Kinoestreias da semana

O menu cinematográfico da semana está bem variado, com estreias nos gêneros de terror, ação, aventura, romance e drama. Diretamente do quinto dos infernos, o apavorante Freddy Krueger volta para ameaçar a paz dos moradores da Elm Street, na refilmagem da clássica saga iniciada por Wes Craven em 1984. Também chega às telas a despedida de Heath Ledger, talentoso ator morto em 2008. Escolha o seu filme e boa sessão.
  • A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street) - Um dois, Freddy vem te pegar... quem não lembra dessa musiquinha macabra? Pois Freddy Krueger, o monstrengo que deixou muita gente sem dormir nos anos 80, está de volta. Comprem a Coca-Cola pra misturar com café e Red Bull que dormir depois do retorno de Freddy às telas vai ser meio complicado.

      • O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus (The Imaginarium of Doctor Parnassus) - O último longa com o saudoso Heath Ledger no elenco traz a incrível história do Dr. Parnassus (Christopher Plummer), que tem a valiosa habilidade de guiar a imaginação alheia. Anos após fazer um pacto com o diabo, Parnassus precisa descobrir como salvar a filha se torne propriedade do coisa-ruim.Como Ledger morreu antes do término das filmagens, seu papel foi dividido entre Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell. Além da trama mirabolante, Terry Gilliam (membro do lendário grupo de comédia Monty Python) promete uma sessão de efeitos especiais impressionantes.

        • Segurança Nacional - Roberto Carminati dirige um longa de gênero pouco comum entre as produções brasileiras: ação. Com Thiago Lacerda, Ângela Vieira, Gracindo Júnior e Milton Gonçalves no elenco, o filme trata do tráfico internacional e da proteção das fronteiras do país, temas atualíssimos. Eu particularmente acho o Thiago Lacerda meio canastrão, mas vai que... né?

            • Querido John (Dear John) - Pra quem curte um romance daqueles de esvaziar a caixinha de Kleenex no cinema, essa é a grande pedida da semana. Um jovem e apaixonado casal (interpretado por Amanda Seyfried, de Mamma Mia! e Channing Tatum) separado pelas missões militares do soldado John se vê forçado a aliviar a distância durante anos por meio da troca de cartas. A direção é de Lasse Hallström, de Chocolate.

                • Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo - Dirigido por Karim Aïnouz (de O Céu de Suely e Madame Satã) e Marcelo Gomes (de Cinema, Aspirinas e Urubus) dividem a direção do filme, que acompanha a viagem do geólogo José Renato (Irandhir Santos) pelo sertão nordestino. O pesquisador faz um trabalho de campo para avaliar o possível percurso de um canal a ser construído ali. Pouco a pouco, a solidão do ambiente e que existe dentro do personagem tornam-se uma só.